03/11/2025

Olhe! Lá no céu!


Hoje, 3 de novembro de 2025, o Catapop completa 20 anos. Quem chega por aqui agora ou frequenta há pouco tempo e só vê post do ano passado pra cá, pode nem acreditar que ele existe desde quando a internet era só mato que abrigava bichos extintos, como Orkut, Limewire, mIRC e Discador UOL.

Escolhi a ilustração acima porque cogitei fazer a alusão de que "20 anos passaram feito uma nuvem", mas, olha, seria mentira. Eu gastei muito tempo com este blog, fosse mantendo-o vivo e produtivo ou apenas respirando por aparelhos. Houve momentos em que eu me sentia meio obrigado a estar sempre dando opinião sobre tudo e, quando não dava, me sentia meio mal (uma espécie de ensaio pra insanidade das redes sociais).

No começo, escrevia várias vezes por semana. De vez em quando, não tinha saco pra ele por meses e sumia. Além do mais, a vida te impõe outras prioridades e escrever sobre gibi ou filme é o de menos. Minha frequência foi caindo até restarem os atuais dois ou três posts por mês, em média, quando muito - e tudo bem: saber que minha opinião pode encontrar eco no peito do leitor é legal, mas entendo que ela não é realmente importante. Deixar de me sentir "necessário" foi uma grande lição que a velhice (real e virtual) me ensinou.

De 2018 a 2024, o Catapop foi a mesma coisa com outro nome, A Era do Ócio - e, entre 2021 e 2024, funcionava apenas no Instagram. Até que, no começo do ano passado, me cansei de cortar meus textos ou fragmentá-los em comentários. Decidi não apenas retomar a escrita livre no site, mas voltar com o nome original, muito associado à minha pessoa, entre amigos e leitores fiéis. Dois anos depois, sigo acreditando que fiz a coisa certa.

Eu sempre brinco que tenho "dois leitores e meio", e entendo que a galera de hoje prefere assistir vídeos sobre essas coisas que comento, mas o que eu gosto de fazer é escrever. Além do mais, vejo amigos e estranhos com queixas de conteúdo derrubado, por uso de imagens e sons, não importa se pouco ou muito. É um estresse que não desejo pra mim - sem falar da obrigação de postar com data marcada. Nada me impede de mudar de ideia no futuro, mas não será hoje.

O material arquivado do Catapop começará a rever a luz do dia, aos poucos, num esquema tipo "vale a pena ver ler de novo". O primeiro texto escolhido, bastante comentado à época (2008), é um apanhado de músicas e artistas que fizeram a glória da dance music, ali, no começo da década de 90. O texto original será acrescido de notas atuais, refletindo o que mudou desde a publicação original.

Outras tradições também estão sendo retomadas, como você pode ver rolando a tela. Já tem mais um sorteio no ar e também voltam as coletâneas de música, antes oferecidas em mp3. Hoje, basta montar uma playlist, e ninguém precisa se perguntar "será que tem vírus?" (nunca tinha). Eu uso Tidal, mas você pode pegar os nomes das músicas e remontar no seu app, seja qual for. Pode até usar a capinha bonitinha que eu fiz. =)

Em prol de minha saúde mental, eu me convenci de que escrevo este blog para mim, e que é apenas um bônus interessante que haja quem goste de lê-lo. Mesmo aceitando que eu possa nunca virar influencer de qualquer coisa, porém, gosto e sinto falta de interação com leitores - acredite, eu entendo quem resiste a "perder tempo" deixando comentário, mas, sua opinião é um feedback importante. Concorde, discorde, mas DIGA ALGO (e não só quando tem sorteio, interesseiro/a/e). Senta aí, que eu gosto de conversar e acabei de passar um café.

Bem-vindos aos próximos 20 anos do Catapop! Obrigado pela companhia até aqui.

Escuta Aqui, Vol. 1


A última coletânea criada pro Catapop, há 10 anos, tinha este mesmo nome, após oito outras que se chamavam Música Para Seus Ouvidos (pomposo, admito). Como tudo aqui ganhou clima de recomeço desde o ano passado, uso do meu direito de fazer um reboot na coleção, relançando o número 1 com uma nova coleção de 10 canções (tamanho de um LP decente) capazes de colocar um sorriso em seu rosto durante uma faxina ou como "ruído de fundo" de seu estudo ou trabalho. Espero que goste - e volte pro Volume 2, todo de música brasileira, que já está no forno.

* * * * *

Pearl Charles, "What I Need" - Filha do diretor de Borat, Larry Charles, Pearl já tem três discos lançados, e eles são bem legais. Esta faixa vem do segundo, Magic Mirror. Ela faz uma mescla do pop açucarado dos anos 60 com country-folk dos 70 (a slide guitar dá todo um charme). Moça pra se prestar atenção.

Khruangbin & Leon Bridges, "Texas Sun" - Não há como ficar indiferente ao clima de road trip que esta parceria evoca, como um dia tranquilo - porém, escaldante - dirigindo por estradas do interior. Gruda nos ouvidos e na memória que é uma beleza, e eu sou capaz de apostar que tem poderes terapêuticos.

Brittany Howard, "Stay High" - O singelo clipe estrelado por Terry Crews, com Brittany em vários outros papéis, torna tudo melhor, mas esta faixa de Jaime (2019), primeiro solo da vocalista do Alabama Shakes, se sustenta sozinha. Passaria perfeitamente como faixa de Sound & Color (2015), do AS.

HAIM, "The Steps" - As irmãs Haim (Alana, Este e Danielle) não precisam me provar mais nada, desde que lançaram esta pepita de pop rock, em 2023, segunda faixa do seu terceiro álbum, Women in Music Part III. Recado reto pra vacilão que tem medinho de mulher com iniciativa e sucesso.

Wilco, "Meant to Be" - O orgulho de Chicago pinçou este single do álbum Cousin (2023). Por baixo das ocasionais experimentações, respira uma banda que entende que dizer ou escutar que "nosso amor deve existir" pode ser tudo que a gente precisa. 30 anos e o Wilco não perde a mão - nem as manhas.

Kings of Convenience, "Rocky Trail" - Foram 12 longos anos entre Declaration of Dependence (2009) e Peace or Love (2021), mas Erlend Øye e Eirik Bøe voltaram aos violões para evocar a magia harmônica de Simon & Garfunkel modernos, com as mais lindas desculpas que se pode pedir.

Richard Hawley, "The Ocean" - Egresso dos obscuros Longpips e tendo colaborado com gente como Pulp e Paul Weller, Hawley construiu uma carreira solo que tangenciou o genial em Coles Corner (2005). Como uma maré que sobe aos poucos, este hino termina por afogar o ouvinte... em pura beleza.

CousteauX, "Your Day Will Come" - Além de citar o oceanógrafo francês Jacques Cousteau (cuja família deve ter recebido mal a honraria, o que obrigou a adição da letra X, em 2016), a banda inglesa estreou em 1999 com um álbum cheio daquela fleuma barítona ouvida em David Bowie e Scott Walker.

Pretenders, "The Buzz" - Delícia extraída de Hate for Sale (2020), mostrando que a veteraníssima Chrissie Hynde e seus comparsas ainda eram capazes de reproduzir a alquimia pop de hits do quilate de "Brass in Pocket" ou "Never Do That". O refrão lânguido é muito gostosinho de cantar junto.

The Glorious Sons, "A War on Everything" - É tão anacrônica em sua rebeldia adolescente e vontade de fugir (qual é o gen-Z que quer sair de casa?), que só mesmo o brilho soft rock da faixa-título do terceiro disco da banda canadense faz a gente acreditar que alguém vai sentir saudade dos pombinhos.

SORTEIO - Sandman: Prelúdio, um sonho de HQ


Quase duas décadas após concluir Sandman, o autor Neil Gaiman decidiu reabrir as portas do Sonhar, para contar uma história anterior ao clássico épico publicado na Vertigo. Atendendo a uma antiga demanda dos leitores - que, por vezes, sentiam que a arte nem sempre acompanhava a qualidade do texto - ele chamou para a empreitada um superstar capaz de traduzir em imagens o clima onírico das aventuras de Morfeus, em formas, cores e diagramação incomparáveis: J. H. Williams III.

O resultado se chamou, no Brasil, Sandman: Prelúdio. Saiu primeiro em minissérie de 3 edições e, depois ganhou este encadernado de luxo que estamos sorteando. Para adentrar mais uma vez (ou pela primeira vez) o mundo dos sonhos com Gaiman e Williams III, é bastante fácil:

1) Repostar conteúdo do Instagram em seu story vale um número pro sorteio;

2) Motivar um amigo a seguir nosso Instagram (peça a ele pra dizer seu nome como indicador via DM) vale dois números pro sorteio;

3) Um comentário aqui no blog, em qualquer post, vale três números. Então, se você comentar em dois, terá seis números, e assim por diante. Claro que falar apenas "disse tudo", "parabéns", "adorei" e coisas do tipo NÃO contam como um comentário. Melhore, amiguinho, e argumente! Se você ainda não leu, assistiu ou escutou o objeto do texto, fale de seu interesse ou expectativa - ou da falta destes. Pelo amor de Morfeus, não esqueça de se identificar! Anônimos não participarão do sorteio;

4) Somente residentes no Brasil podem participar e o livro será enviado pelos Correios;

5) O sorteio fica marcado para o dia 19 de dezembro de 2025, através do site Sorteador.

No mais, não tem mais. Boa sorte a todos que participarem!

Baú do Catapop #1

Esta seção vai fuçar na memória arquivada do blog, em busca de postagens que foram especialmente populares ou que merecem uma nova avaliação, à luz das mudanças por que passaram o mundo e este que vos escreve. Os comentários atuais serão feitos em azul itálico.

O primeiro texto resgatado para as comemorações dos 20 anos é um apanhado que publiquei em 14/10/2008, reunindo nomes e canções da Dance Music dos anos 90 - a geração que, entre o fim de minha adolescência e o começo de minha vida adulta, embalou noites suarentas na Usina de Som, saudosa boate de Ibotirama, no oeste baiano, onde vivi entre 1984 e 1999.

* * * * *

PUMP IT UP!
A Dance Music dos Anos 90
Originalmente publicado em 18/10/2008

Os anos 80 já estão gravados no inconsciente coletivo como uma década de grande criatividade na cultura pop. Passadas várias ondas revivalistas de bom e de mau gosto, o saldo geral é bastante positivo. Não há mais necessidade de explicar ou de defender aquele período.

A esta altura, também os anos 90 já foram louvados e atacados na grande mídia e nas análises pessoais de quem os viveu. Os ciclos de reavaliação de uma década costumam começar após 20 anos, com ondas menores de redescoberta a cada 10 outros.

Lá por 2010, estaremos novamente ocupados, fazendo uma triagem semelhante nos anos 90, “a década em que a melodia morreu”, segundo meu amigo Marcelo Borges, de Itumbiara/GO. A facilidade pop dos anos 80 deu lugar a experimentações que testavam a receptividade e, não raramente, a paciência dos ouvintes. Aqui no Brasil, a coisa ficou especialmente indigesta: fazer música simples, de um gênero só, ficou praticamente proibido. Todo mundo tinha que fazer MPopB, skate-metal, manguebit, forrócore e outros bichos esquisitos. Deu alguns bons frutos e gerou uma montanha de coisas horrorosas, algumas das quais se arrastam por aí até hoje.

Admito dificuldade semelhante à de Marcelo, embora menos intensa: muita coisa surgida nos anos 90, mesmo quando fruto de mistura de estilos, como Chico Science & Nação Zumbi, bateu em mim de primeira.

Os primeiros anos da década de 90 foram marcados pela ascensão da dance music, do underground a gênero “respeitável” e, principalmente, rentável. Desde o fim da era disco, nos primeiros anos da década de 80, a música criada exclusivamente para dançar, sem letras “conscientes” ou cabecismos fora de hora, não tinha tanta força. A febre das batidas aceleradas conquistou dois terços do planeta e fez espumar de raiva o terço restante (leiam-se os carrancudos roqueiros da época, metidos a salvar o mundo e remoer existencialismos).

Você, entre 20 e 25 anos, talvez seja novo demais para lembrar, mas houve um tempo em que ir a uma boite para dançar não era, como hoje, sinônimo de logo ver-se cercado de bichas musculosas, suadas e seminuas. Herdando o espólio das famosas danceterias da década passada, sacudir o esqueleto nos clubs noventistas era, até certo ponto, um programa razoavelmente hétero.

Como se pode notar, o fato de ser gay e já me sentir razoavelmente resolvido com isso desde 2000 não me impedia de reproduzir homofobia sistêmica e internalizada, como se um programa "razoavelmente hetero" fosse garantia de qualquer coisa mais tranquila ou divertida (spoiler: não é).

Como toda febre musical que se preze, a dance music dos 90 tinha representantes realmente criativos, one-hit wonders azarados e picaretas de primeira grandeza. Mesmo que a house music já começasse a fazer barulho, a ponto de a revista Bizz dar destaque e até capa para nulidades como Yazz e Bomb The Bass, o primeiro arrasa-quarteirão mundial da dance music era um forte riff de guitarra sampleado e acompanhado de um brado feminino: “I’ve got the power!”. Era "The Power", do projeto alemão Snap, comandado pelo rapper Turbo B. As batidas funky vitaminadas pela eletrônica, os clipes aeróbicos e singles certeiros como “Mary Had a Little Boy” e “Oops Up” transformaram o Snap em um sucesso avassalador. Em 1992, passado o bode da fórmula, eles voltaram mais suaves e legaram ao mundo a então onipresente “Rhythm Is A Dancer” (Clube das Mulheres, alguém?).

Turbo B, o MC do Snap

Não muito tempo depois de “The Power”, outro riff sampleado e mais um grito de guerra contaminaram o planeta: “everybody dance now!”, que tornava “Gonna Make You Sweat”, do C+C Music Factory, imediatamente reconhecível. A dupla formada por Robert Clivillés e pelo já falecido David Cole foi um dos primeiros a receber o rótulo de “respeitável” pela imprensa, que se esforçava para não se afogar na maré de nomes e singles que desafiavam critérios e faziam sucesso astronômico da noite para o dia e desapareciam com a mesma velocidade, sem deixar rastro. A “cara” do C+C Music Factory era o bombado e marrento rapper Freedom Williams, que depois achou que era “artista” e meteu-se em carreira solo, logo voltando ao anonimato.

"The Power" e "Gonna Make You Sweat" seguem sendo, para mim, as melhores músicas desse período no gênero.

C+C Music Factory (nas extremidades, Robert Clivillés e David Cole, falecido em 1995)

Clivillés e Cole ainda provocaram os roxos fãs do U2, fazendo não apenas uma, mas duas versões do hino “Pride (In The Name Of Love)”. Eu ouvi ambas e aprovei. Outro astronômico sucesso da dupla foi a maconheira “Take a Toke”, que aqui na Burrolândia tem fama de “romântica”. Ah, se os pombinhos que se enroscam ao som dela soubessem...

Perdão pelo elitismo linguístico de outrora. Ninguém tem obrigação de saber inglês só pra curtir um som - e ela passa, sim, por romântica (só que com maconha).

Dois verdadeiros furacões da dance music foram, também, protagonistas de grandes escândalos, à época. Depois que a dupla Milli Vanilli foi desmascarada como meros dubladores, após terem recebido vários Grammy, o vexame voltou a ocupar os noticiários, desta vez com Black Box e Technotronic.

O Black Box era um fabuloso projeto de italo house (a mais puxada para a disco music, cheia de cordas e pianinhos) cuja imagem pública era a da linda modelo Katrin Quinol. Não demorou até que alguém descobrisse que aquele vocal esplêndido, improvável para alguém tão magra, pertencia à rotunda Martha Wash. Ela buscou na justiça sua fatia da fortuna gerada com singles impecáveis como “I Don’t Know Anybody Else”, “Ride On Time”, “Everybody Everybody” e a cover de “Fantasy”, do Earth, Wind & Fire. Dreamland era, reconhecidamente, um dos poucos LPs de dance music que valiam a pena inteiros.

Katrin Quinol e Martha Wash, dubladora e verdadeira voz do Black Box

O caso do Technotronic foi mais simples. Os vocais e raps que pareciam pertencer à curvilínea Felly nada tinham de espetaculares. Mesmo assim, tratava-se de mais um caso de gato por lebre: quem cantava era a baixinha e andrógina Ya Kid K, que assumiu sem pudor a frente do grupo já no segundo single, “Get Up (Before The Night Is Over)”. Além deste, “This Beat Is Technotronic” e “Move This” fizeram tanto ou mais sucesso que a estréia do grupo, “Pump Up The Jam”, de onde saiu o bordão “pump it up”, que, no Brasil, ganhou a corruptela “poperô” e passou a designar a dance music que freqüentava as Jovem Pan da vida e os cd players de agroboys e outros tipinhos infelizes.

Queria dizer que sinto muito pelo ataque gratuito aos agroboys, mas estaria mentindo. Não atacar agroboys o suficiente transformou o mainstream brasileiro na mesmice cafona que é hoje.

Capa de Pump Up The Jam, a hoje clássica estréia do Technotronic

Estes são apenas alguns dos nomes mais famosos da época. Seria impossível falar de todo mundo em poucos parágrafos e não cometer injustiças. Por exemplo, como eu poderia deixar de mencionar o trio de produtores ingleses Stock, Aitken & Waterman, que revelaram Rick Astley, Kylie Minogue e ressuscitaram a então defunta carreira de Donna Summer? É gente demais e, infelizmente, não dá mesmo para citar todo mundo – até porque não há muito que falar sobre a maioria deles, exceto que deixaram canções que ainda ecoam pelas boites, rádios e academias mais nostálgicas.

Pouco tempo depois deste texto sair, Rick Astley conheceria novo sucesso na era dos memes, com "you've been rickrolled". Donna Summer, por sua vez, faleceria em 2012. Kylie Minogue segue viva e diva.

Eis aqui uma seleção de 10 12 músicas para encher um CD curtinho uma playlist curtinha e bem farofa, mas perfeitamente decente.

Shake that body!


01 – “Gonna Make You Sweat”, C+C Music Factory
02 – “The Power”, Snap
03 – “3 a.m. Eternal”, The KLF
04 – “Get Ready For This”, 2 Unlimited
05 – “I Don’t Know Anybody Else”, Black Box
06 – “Cinema”, Ice MC
07 – “Pump Up The Jam”, Technotronic
08 – “The Hitman”, AB Logic
09 – “Be My Lover”, LaBouche
10 – “It's My Life”, Dr. Alban
11 - "Respect", Adeva (cover de Aretha Franklin, já cover de Otis Redding, que foge da obviedade)
12 - "Finally", CeCe Peniston (das melhores letras românticas em melodia dançante que se pode ter)