Este volume de A Saga do Superman conclui a republicação da passagem de John Byrne como roteirista e/ou artista regular do personagem, entre os anos de 1986 e 1988. É uma fase que começou com um clássico incontestável (a minissérie em seis partes O Homem de Aço), teve altos e baixos, mas concluiu-se de forma bastante satisfatória, com as minisséries O Mundo de Smallville (edições 12 e 13), O Mundo de Krypton (edição 13) e O Mundo de Metrópolis, além de um especial inédito no Brasil, Os Ladrões da Terra.
É meio apavorante pensar que esta
abordagem moderna (para a época) já está perto de completar 40 anos... e que eu
estava lá pra ver. O mercado editorial brasileiro não se parecia nem um pouco
com o de hoje, exceto pela atual persistência dos títulos mix. O padrão era o
formatinho de 84 páginas em papel áspero e que amarelava em dois tempos, com
histórias frequentemente mutiladas ou solenemente ignoradas pela Editora Abril,
mas a gente amava tudo – talvez porque não houvesse internet e não fosse tão
fácil ter acesso aos títulos originais ou informações sobre eles.
Em O Mundo de Metrópolis, Byrne foca nos
quatro principais nomes do universo do Superman: o próprio Clark Kent, Lois
Lane, Perry White e Jimmy Olsen, cada um lembrando de suas primeiras
experiências em torno do jornal onde trabalham, o Planeta Diário. Digam o que
disserem, Byrne foi um dos que melhor entendeu a essência do universo em torno
do Superman. As aventuras nem sempre eram as melhores possíveis, mas era nítido
seu conhecimento de como cada personagem deveria se comportar e o que deveria
fazer.
Em Os Ladrões da Terra, a Terra e a Lua
são removidas do sistema solar para servir de combustível para um mundo
artificial moribundo, e o Superman precisa enfrentar e derrotar seus captores
sem comprometer as cinco bilhões de vidas no planeta (na época). Poderia ser
uma grande bobagem e insulta a Física planetária de diversas maneiras, mas acaba sendo uma aventura bem divertida, com
viradas interessantes.
Infelizmente, neste último volume, sua
contribuição está limitada ao argumento e capas originais. A arte em O Mundo de
Metrópolis é de Wim Mortimer e, em Os Ladrões da Terra, de Curt Swan. Ambos
entregam um trabalho bastante digno. A última história, também inédita por
aqui, já nem é mais de John Byrne: é uma trama confusa de alguém chamado Joe
Calchi e com péssima arte de um tal Britt Wisenbaker. Se você a ignorar, não perderá
coisa alguma. Melhor ficar somente com as boas lembranças da memorável Era
Byrne.
Editoriamente, a Panini errou em não incluir um prefácio, reafirmando a importância da fase ou detalhando como John Byrne estava deixando os personagens, ao fim de todos aqueles meses. Se esta é, como diz a contracapa, uma edição “imperdível”, o fim de fase tão icônica era ocasião que pedia um pouco mais de capricho.