Se você for neonazista, porém, é mais digno de
soco do que de ajuda. #pas
Neste exato momento, porém, a maior bilheteria ocidental de 2025 pertence a uma comédia, Um Filme Minecraft. A graça de um filme com Jack Black fazendo papel de Jack Black pode ser abertamente questionada, mas, pelo jeito, o público gostou e é isso que importa, especialmente para as pessoas que investem dinheiro na arte de fazer filmes e esperam o devido retorno para manter essa roda girando, mesmo quando esses produtos têm muito pouco ou quase nada de arte, como parece ser o caso. O sucesso de Um Filme Minecraft mostra que há caminhos para a comédia que dispensam o artifício da ofensa pura e simples.
Curiosamente, no outro extremo de popularidade, o semidesconhecido Apple TV+ também vem lançando boas comédias: após a agridoce e elogiada Falando a Real, o streaming da maçã mordida colocou no ar O Estúdio, que, como o nome já entrega, apresenta situações vividas no ambiente da produção de filmes. Seth Rogen vive Matt Remick, executivo que se diz comprometido em devolver a dignidade à Arte do Cinema (em maiúsculas, como nos mais bonitos sonhos de Matt), mas que, uma vez promovido a diretor da Continental Studios, logo descobre que suas convicções pessoais e visão artística quase sempre esbarram na obrigação de fazer muita grana muito rápido.
De certo modo, Matt Remick está ali, passando perrengue e fazendo a gente rir de nervoso, em nome de todos os artistas, roteiristas, diretores que tentam emplacar uma ideia original em Hollywood, um lugar que virou sinônimo de mesmice em nome da grana fácil. Quando ele tenta defender uma franquia de ação que já conta com sete partes – das quais só mesmo uma ou duas valeram a pena – a gente entende a mentalidade que reina no cinemão de férias. Quando ele é forçado a engavetar um bom roteiro que comprou de um mito em carne e osso, a gente entende o quão baixo se joga nesse jogo.
Além de ser Hollywood fazendo terapia, O Estúdio é uma deliciosa odisseia de vergonha alheia, em episódios com duração média de 30 minutos, nos quais Rogen (em grande forma) conta com ótimo elenco de apoio. A gente fica torcendo pra Matt Remick escolher “o bem”, ter coragem de dizer o que está entalado na nossa garganta, ou colher o menor sucesso que seja, mas ele quase sempre mete os pés pelas mãos e se estrepa gloriosamente. A gente ri, mas também dá pena.
O grande charme da série, porém, está nas inúmeras participações especiais de figurões de Hollywood em papéis de si mesmos – e dar de cara com essas pessoas é um dos grandes prazeres de assisti-la, então, me calo sobre quem são e o que fazem ali. Outra coisa muito legal é que, como os episódios são basicamente isolados, na linha “o desastre da semana”, O Estúdio pode ter uma vida longa, com várias temporadas – tipo uma franquia de ação medíocre, sacou? Acredito que não, mas espero que sim. Escondida num streaming que pouco se esforça para ser mais conhecido, sei que fica difícil, mas, citando palavras célebres nos meios em que circulo, sou eu que financio essa merda. Sou fan, quero service.
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